Para quem ainda não assistiu, segue minha versão caseira do tema musical de Star Trek: First Contact (Jerry Goldsmith):
segunda-feira, 24 de junho de 2024
terça-feira, 28 de maio de 2024
NOTA SOBRE OS DRAMATURGOS DE YAN — John Brunner
Em Os Dramaturgos de Yan — publicado em 1974 na portuguesa Argonauta (n. 205) — encontramos uma discussão sobre as possibilidades e limitações do conceito de obra de arte total. Para entendermos esta ideia, precisamos recuar no tempo e lançar um olhar sobre uma polêmica que sacudiu o mundo cultural na Alemanha do séc. XIX.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
PIRATAS DO ESPAÇO - Murray Leinster
O termo "fim da história" era tradicionalmente associado à Hegel — um filósofo alemão que viveu entre 1770 e 1831 — até que Fukuyama o reviveu em 1989 para falar da “vitória” estadunidense da Guerra Fria. O fim da história seria o momento em que a humanidade finalmente atingiria uma sociedade estável, equilibrada, perfeita. Como muitos já observaram — inclusive eu mesmo, aqui —, a confluência deste ideal com as aspirações religiosas milenaristas estadunidenses é uma poderosa matriz da FC.
Mas há aqueles que denunciam o conceito de fim de história justamente por ser utópico. Para estes, esta ideia não passa de uma cristalização materialista do conceito cristão da segunda vinda — e por isso mesmo falaciosa. Certamente podemos incluir Piratas do Espaço, de Murray Leinster, no cânone desses descrentes da utopia. Trata-se do volume 152 da Colecção Argonauta, lançado em Portugal em 1970.
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
A TERRA LONGA - Pratchett / Baxter
Poucas obras de FC escritas em anos recentes me trouxeram tantas alegrias quanto A Terra Longa (tradução de The Long Earth, de Terry Pratchett e Stephen Baxter), lançada em 2018 pela Bertrand Brasil. A descobri em uma livraria, na estante das novidades. Folheei o volume ao acaso, e quando meus olhos bateram em uma descrição do canto coral do homo habilis, soube que iria levar aquele livro verde comigo.
Fui publicado na Sominum 123!
Grande notícia!
Meu conto "A Ideia Fatal" foi publicado no número 123 da Somnium, que é a publicação oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica (o CLFC, do qual sou membro).
quarta-feira, 9 de novembro de 2022
O ARTISTA DE GÊNERO - Carlo Rotella sobre Jack Vance
O ARTISTA DE GÊNERO
The Genre Artist - Carlo Rotella
(2009)
Original:
https://www.nytimes.com/2009/07/19/magazine/19Vance-t.html
Traduzido por Marcelo Rabello dos
Santos (out. 2022)
Jack Vance, descrito por
seus pares como autor genial e o maior escritor vivo de ficção científica e fantasia,
está escondido à plena vista enquanto publica – seis décadas e contando (Nota do tradutor: Jack Vance faleceu em
2013). Sim, ele foi premiado com o Hugo,
o Nebula e o World Fantasy, foi nomeado Grão-Mestre pela Science Fiction and Fantasy Writers of America e recebeu um Edgar da Mystery Writers of America, mas tais honrarias somente contribuem
para camuflá-lo, como se Vance fosse apenas mais um bem-sucedido autor de nicho. Também contribuem para esta ocultação as capas de seus
livros, recheadas de clichês – espaçonaves, monstros e eufônicas designações de
localidades: Lyonesse, Alastor, Durdane. Se você nunca leu Vance e está vasculhando
a prateleira de uma livraria, pode não ter nenhum motivo específico para
escolher um de seus livros ao invés daqueles de A. E. van Vogt ou John Varley.
E se você escolhesse alguma dessas outras obras, seguiria por tranquilamente
pelos caminhos habituais da FC sem ter a menor ideia de que acabou de perder um
encontro com uma das vozes mais distintas e desvalorizadas da literatura estadunidense.
quarta-feira, 2 de março de 2022
LUZ DE OUTRA DIMENSÃO – LLOYD BIGGLE JR.
Antigos pensadores postulavam que a
arte era o marcador da diferença entre o humano e o animal. Era o exercício da arte
– intermediado pelas musas – que aproximava a humanidade da esfera divina, afastando seus praticantes da bestialidade. Mas como reagiriam os que pensam assim se
encontrassem, em outros mundos, criaturas fisicamente semelhantes aos animais,
mas dotadas de sensibilidade estética?
Essa
é questão de fundo proposta por Lloyd Biggle Jr. em Luz de Outra Dimensão
(Hemus, 1981). Nessa obra, encontramos a humanidade espalhada por diversos
planetas, muitos deles habitados por espécies inteligentes nativas chamadas
depreciativamente de “animalóides”. Entretanto, quando as recentes populações humanas destes mundos distantes começam a descobrir os dotes artísticos dos “não-humanos”, o resultado é o assassinato em massa das populações "animalóides" nativas.
domingo, 13 de fevereiro de 2022
A MÃO ESQUERDA DA ESCURIDÃO: NOTA SOBRE LE GUIN E FOUCAULT
Acabei de reler minha velha edição, publicada
pelo Círculo do Livro em meados de 1985, de A Mão Esquerda da Escuridão
(1969), de Ursula K. Le Guin. Aliás, bela edição, com boa tradução e capa dura,
que vem sobrevivendo galhardamente aos maus tratos que impinjo aos meus volumes.
Não abordarei aqui este texto como precursor das questões contemporâneas de
gênero e sexualidade – o que certamente é! – , já que outras e outros o fazem
bem melhor do que seria capaz (como aqui: https://www.momentumsaga.com/2022/02/resenha-a-mao-esquerda-da-escuridao-de-ursula-le-guin.html ).
Em vez disso, pretendo apontar um outro eixo essencial da obra, aquele que diz
respeito aos contrastes que Le Guin cuidadosamente estabelece entre duas nações
do planeta ficcional Gethen, Karhide e Orgoreyn, com
o objetivo de investigar e criticar fenômeno da Modernidade aqui da Terra.