terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A HISTÓRIA É OUTRA - FRITZ LEIBER

Alvíssaras! Um novo volume para a coleção: A História é Outra, de Fritz Leiber (Ed. Expressão e Cultura, 1973). Uma leitura desafiadora. Em um primeiro momento, parece tratar-se de um enredo semelhante ao da “guerra fria temporal” do seriado Star Trek: Enterprise, em que facções de um futuro distante tentam influenciar, em seu benefício, a história presente. Mas a guerra entre Serpentes e Aranhas, as facções descritas por Leiber, não é nada fria. O conceito de “integridade da linha temporal” não faz sentido em A História é Outra: se Roma precisa ser defendida dos bárbaros, porque não usar alguns dispositivos nucleares?

sábado, 24 de fevereiro de 2018

AS CANÇÕES DA TERRA DISTANTE


A maravilha, o assombro e o espanto estão no cerne do empreendimento literário. Arthur C. Clarke é um autor que não deixa esquecer disso: uma de suas especialidades é nos deslumbrar com máquinas colossais. Ocupou-se do malfadado Titanic, assunto de O Fantasma das Grandes Banquisas; idealizou naves espaciais gigantescas, como a alienígena Rama; concebeu uma cidade inteira autossuficiente e mecanizada, Diaspar, em A Cidade e as Estrelas. O monolito negro de 2001: Uma Odisseia no Espaço e sequencias talvez seja a criação suprema do autor nesse sentido (se o monolito não é colossal em suas dimensões, o é em suas implicações). As tramas muitas vezes são construídas a partir destes aparatos e do que pode dar errado com eles, como é o caso em As Fontes do Paraíso, obra que poderia ser resumida assim: “elevador espacial custa a vida de seu criador”.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A PROPÓSITO DE HEINLEIN E DA FC

Tenho repetidamente empregado argumentos do tipo: tal obra difere das visões mais comuns da FC dessa ou daquela forma, e assim por diante. Acabo de ler, pela primeira vez, Estrela Oculta, de Robert A. Heinlein (Ed. Francisco Alves, 1981 - mas a obra é dos anos 50). Eis uma obra que reflete esses padrões “comuns”, escrita por um dos “grandes” da FC.  Uma boa oportunidade de explorar certas convenções, temas e características que venho considerando "centrais" à FC, em especial da chamada "Era Dourada" :

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

FLUAM, MINHAS LÁGRIMAS, DISSE O POLICIAL

Ah, entranhas minhas, entranhas minhas! Estou com dores no meu coração! O meu coração se agita em mim. Não posso me calar; porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra.  
                                                                                    Jeremias 4:19

Toda a vez que vejo o nome Philip K. Dick em alguma enumeração dos grandes da FC, lado a lado com Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, não consigo evitar um momento de estranheza. Claro está que PKD é um dos grandes, mas os seus livros parecem estar em uma categoria distinta. Para começar, comparemos o sentimento evocado pela experiência da leitura em si. Asimov, Clarke e afins: edificante entretenimento. PKD: algo como um chute no estômago.