quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

PIRATAS DO ESPAÇO - Murray Leinster

O termo "fim da história" era tradicionalmente associado à Hegel — um filósofo alemão que viveu entre 1770 e 1831 — até que Fukuyama o reviveu em 1989 para falar da “vitória” estadunidense da Guerra Fria. O fim da história seria o momento em que a humanidade finalmente atingiria uma sociedade estável, equilibrada, perfeita. Como muitos já observaram — inclusive eu mesmo, aqui —, a confluência deste ideal com as aspirações religiosas milenaristas estadunidenses é uma poderosa matriz da FC.

Mas há aqueles que denunciam o conceito de fim de história justamente por ser utópico. Para estes, esta ideia não passa de uma cristalização materialista do conceito cristão da segunda vinda — e por isso mesmo falaciosa. Certamente podemos incluir Piratas do Espaço, de Murray Leinster, no cânone desses descrentes da utopia.  Trata-se do volume 152 da Colecção Argonauta, lançado em Portugal em 1970.

 


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A TERRA LONGA - Pratchett / Baxter

Poucas obras de FC escritas em anos recentes me trouxeram tantas alegrias quanto A Terra Longa (tradução de The Long Earth, de Terry Pratchett e Stephen Baxter), lançada em 2018 pela Bertrand Brasil. A descobri em uma livraria, na estante das novidades. Folheei o volume ao acaso, e quando meus olhos bateram em uma descrição do canto coral do homo habilis, soube que iria levar aquele livro verde comigo. 

Fui publicado na Sominum 123!

Grande notícia!

Meu conto "A Ideia Fatal" foi publicado no número 123 da Somnium, que é a publicação oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica (o CLFC, do qual sou membro).


A revista pode ser encontrada aqui:


Agradeço à equipe do CLFC e ao editor responsável, o Rubens Angelo, pelo incentivo e oportunidade.
 




Páginas relacionadas:
 

A Caçada

Trombetas da Revolução

 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

O ARTISTA DE GÊNERO - Carlo Rotella sobre Jack Vance

 

O ARTISTA DE GÊNERO

The Genre Artist - Carlo Rotella (2009)

Original:

https://www.nytimes.com/2009/07/19/magazine/19Vance-t.html

Traduzido por Marcelo Rabello dos Santos (out. 2022)

Jack Vance, descrito por seus pares como autor genial e o maior escritor vivo de ficção científica e fantasia, está escondido à plena vista enquanto publica – seis décadas e contando (Nota do tradutor: Jack Vance faleceu em 2013). Sim, ele foi premiado com o Hugo, o Nebula e o World Fantasy, foi nomeado Grão-Mestre pela Science Fiction and Fantasy Writers of America e recebeu um Edgar da Mystery Writers of America, mas tais honrarias somente contribuem para camuflá-lo, como se Vance fosse apenas mais um bem-sucedido autor de nicho. Também contribuem para esta ocultação as capas de seus livros, recheadas de clichês – espaçonaves, monstros e eufônicas designações de localidades: Lyonesse, Alastor, Durdane. Se você nunca leu Vance e está vasculhando a prateleira de uma livraria, pode não ter nenhum motivo específico para escolher um de seus livros ao invés daqueles de A. E. van Vogt ou John Varley. E se você escolhesse alguma dessas outras obras, seguiria por tranquilamente pelos caminhos habituais da FC sem ter a menor ideia de que acabou de perder um encontro com uma das vozes mais distintas e desvalorizadas da literatura estadunidense.

quarta-feira, 2 de março de 2022

LUZ DE OUTRA DIMENSÃO – LLOYD BIGGLE JR.

             Antigos pensadores postulavam que a arte era o marcador da diferença entre o humano e o animal. Era o exercício da arte – intermediado pelas musas – que aproximava a humanidade da esfera divina, afastando seus praticantes da bestialidade. Mas como reagiriam os que pensam assim se encontrassem, em outros mundos, criaturas fisicamente semelhantes aos animais, mas dotadas de sensibilidade estética?

            Essa é questão de fundo proposta por Lloyd Biggle Jr. em Luz de Outra Dimensão (Hemus, 1981). Nessa obra, encontramos a humanidade espalhada por diversos planetas, muitos deles habitados por espécies inteligentes nativas chamadas depreciativamente de “animalóides”. Entretanto, quando as recentes populações humanas destes mundos distantes começam a descobrir os dotes artísticos dos “não-humanos”, o resultado é o assassinato em massa das populações "animalóides" nativas.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

A MÃO ESQUERDA DA ESCURIDÃO: NOTA SOBRE LE GUIN E FOUCAULT

            Acabei de reler minha velha edição, publicada pelo Círculo do Livro em meados de 1985, de A Mão Esquerda da Escuridão (1969), de Ursula K. Le Guin. Aliás, bela edição, com boa tradução e capa dura, que vem sobrevivendo galhardamente aos maus tratos que impinjo aos meus volumes. Não abordarei aqui este texto como precursor das questões contemporâneas de gênero e sexualidade – o que certamente é! – , já que outras e outros o fazem bem melhor do que seria capaz (como aqui: https://www.momentumsaga.com/2022/02/resenha-a-mao-esquerda-da-escuridao-de-ursula-le-guin.html ). Em vez disso, pretendo apontar um outro eixo essencial da obra, aquele que diz respeito aos contrastes que Le Guin cuidadosamente estabelece entre duas nações do planeta ficcional Gethen, Karhide e Orgoreyn, com o objetivo de investigar e criticar fenômeno da Modernidade aqui da Terra.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Fui publicado!

Alvíssaras! 

Meu conto "E vi surgir do mar uma besta" foi publicado no número 116 da Somnium, que é a publicação oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica (do qual sou membro).

A revista pode ser encontrada aqui:

https://somnium.website/somnium/Somnium116.pdf


Agradeço à equipe do CLFC e ao editor responsável pela oportunidade.




Tem a ver: 
 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

E QUANTO AOS DEUSES? – PARTE 3

 

Continuamos com Star Trek. A Nova Geração (1987-1994) também tem sua cota de episódios de deuses-astronautas, inclusive um em que os humanos acabam sendo considerados como deuses. De um ponto de vista rigoroso, episódios como esse não deveriam existir. A Federação Unida de Planetas, em sua Primeira Diretriz, proíbe a interferência em planetas com culturas consideradas “primitivas” (Kirk, na Série Clássica, desobedecia a essa regra com regularidade). Aos cientistas federados permitia-se estudar planetas menos "avançados" se fossem usadas táticas para manter sua presença oculta. Mas bastou um acidente revelar a presença dos cientistas – e a Enterprise-D ser chamada para prestar socorro – para termos o capitão Picard adorado com um deus no episódio Who Watches the Watchers (1989). Como bom cidadão federado, ele recusa essa adoração. O resultado é um episódio que, mesmo sendo tributário de Däniken, ao menos problematiza o tema.